é dia de mulher,
como são todos os outros, dizemos,
mas ainda seguimos com medo de ser,
de vestir o que mostra o peito e a bunda,
por de deixar de vestir,
de entrar sozinha no uber quando o sono tá batendo,
ainda ouvimos a cada conversa com outras uma história nova
de alguém que foi abusada e a gente nem imaginava (não mesmo?),
ainda ganhamos menos pra fazer igual,
ainda vemos tantas mães solas e guerreiras,
ainda somos chacoalhadas com números insanos como:
um feminicídio a cada 6 horas
dois estupros a cada minuto
só no Brasil.

eu já não mudo mais de calçada, como fazia uns 6 anos atrás, pra evitar ouvir merda de homem.
eu tenho muito mais coragem de responder e olhar no olho deles quando isso acontece.
eu já tomo coragem de no carnaval sair com a bunda de fora,
e até ouso colocar uma parada transparente que mostra meu peito todo.
as conversas com a minha bolha me fazem acreditar que tem uma coisinha ou outra melhorando,
que nossa voz tá mais forte,
que tem uma união construída que traz coragem.
tenho respirado e sorrido pras meninas-mulheres de gerações abaixo da minha,
que tem uma força,
que tem uma sensibilidade,
que tem uma presença
que eu mesma só fui adquirir depois dos meus 25.

e ainda tem tanto,
tem infinito
que há de ser feito.

é uma batalha que tem frentes extremas,
que tem frentes sensíveis,
que tem frentes acadêmicas,
que tem frentes políticas.
é uma batalha que vem pela dança e pelo sangue e pela poesia,
que vem pela força,
e pelo palavrão.
e que cada frente dessa,
siga,
no teu movimento.
essa é mudança que só vem
porque vem de vários lados.

daqui, celebro todas em volta
que tem a coragem de serem,
de se despirem,
de assumirem teus corpos,
tuas forças,
de me olharem no olho e me lembrarem:
solas, mas nunca sozinhas.

que essa força seja eterna.

fotos: eu pela @jodiplumbleyphotography ,
cobrindo meus peitos pq senão o Instagram deleta minha conta.
@olivianachle
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é dia de mulher,
como são todos os outros, dizemos,
mas ainda seguimos com medo de ser,
de vestir o que mostra o peito e a bunda,
por de deixar de vestir,
de entrar sozinha no uber quando o sono tá batendo,
ainda ouvimos a cada conversa com outras uma história nova
de alguém que foi abusada e a gente nem imaginava (não mesmo?),
ainda ganhamos menos pra fazer igual,
ainda vemos tantas mães solas e guerreiras,
ainda somos chacoalhadas com números insanos como:
um feminicídio a cada 6 horas
dois estupros a cada minuto
só no Brasil.

eu já não mudo mais de calçada, como fazia uns 6 anos atrás, pra evitar ouvir merda de homem.
eu tenho muito mais coragem de responder e olhar no olho deles quando isso acontece.
eu já tomo coragem de no carnaval sair com a bunda de fora,
e até ouso colocar uma parada transparente que mostra meu peito todo.
as conversas com a minha bolha me fazem acreditar que tem uma coisinha ou outra melhorando,
que nossa voz tá mais forte,
que tem uma união construída que traz coragem.
tenho respirado e sorrido pras meninas-mulheres de gerações abaixo da minha,
que tem uma força,
que tem uma sensibilidade,
que tem uma presença
que eu mesma só fui adquirir depois dos meus 25.

e ainda tem tanto,
tem infinito
que há de ser feito.

é uma batalha que tem frentes extremas,
que tem frentes sensíveis,
que tem frentes acadêmicas,
que tem frentes políticas.
é uma batalha que vem pela dança e pelo sangue e pela poesia,
que vem pela força,
e pelo palavrão.
e que cada frente dessa,
siga,
no teu movimento.
essa é mudança que só vem
porque vem de vários lados.

daqui, celebro todas em volta
que tem a coragem de serem,
de se despirem,
de assumirem teus corpos,
tuas forças,
de me olharem no olho e me lembrarem:
solas, mas nunca sozinhas.

que essa força seja eterna.

fotos: eu pela @jodiplumbleyphotography ,
cobrindo meus peitos pq senão o Instagram deleta minha conta.<br> @olivianachle
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<br> @olivianachle
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é dia de mulher,
como são todos os outros, dizemos,
mas ainda seguimos com medo de ser,
de vestir o que mostra o peito e a bunda,
por de deixar de vestir,
de entrar sozinha no uber quando o sono tá batendo,
ainda ouvimos a cada conversa com outras uma história nova
de alguém que foi abusada e a gente nem imaginava (não mesmo?),
ainda ganhamos menos pra fazer igual,
ainda vemos tantas mães solas e guerreiras,
ainda somos chacoalhadas com números insanos como:
um feminicídio a cada 6 horas
dois estupros a cada minuto
só no Brasil.

eu já não mudo mais de calçada, como fazia uns 6 anos atrás, pra evitar ouvir merda de homem.
eu tenho muito mais coragem de responder e olhar no olho deles quando isso acontece.
eu já tomo coragem de no carnaval sair com a bunda de fora,
e até ouso colocar uma parada transparente que mostra meu peito todo.
as conversas com a minha bolha me fazem acreditar que tem uma coisinha ou outra melhorando,
que nossa voz tá mais forte,
que tem uma união construída que traz coragem.
tenho respirado e sorrido pras meninas-mulheres de gerações abaixo da minha,
que tem uma força,
que tem uma sensibilidade,
que tem uma presença
que eu mesma só fui adquirir depois dos meus 25.

e ainda tem tanto,
tem infinito
que há de ser feito.

é uma batalha que tem frentes extremas,
que tem frentes sensíveis,
que tem frentes acadêmicas,
que tem frentes políticas.
é uma batalha que vem pela dança e pelo sangue e pela poesia,
que vem pela força,
e pelo palavrão.
e que cada frente dessa,
siga,
no teu movimento.
essa é mudança que só vem
porque vem de vários lados.

daqui, celebro todas em volta
que tem a coragem de serem,
de se despirem,
de assumirem teus corpos,
tuas forças,
de me olharem no olho e me lembrarem:
solas, mas nunca sozinhas.

que essa força seja eterna.

fotos: eu pela @jodiplumbleyphotography ,
cobrindo meus peitos pq senão o Instagram deleta minha conta.<br> @olivianachle
<br> @olivianachle